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O valor da intenção


Uma vez ela me disse que gostava de balões...

A sexta-feira ainda estava surgindo aos poucos. Eu havia comprado aqueles balões caros de hélio, amarrei-os em laços com três nós, e juntei-os à cesta com algumas poesias inéditas, e mais uma dúzia de lembranças capazes de reinventar sorrisos. Peguei o carro e dirigi até o parque coberto pela extensão de um verde inaudito, perto do aeroporto da minha cidade. Deixei os cálculos de lado e lancei ao céu cor de boto aquela singular surpresa, deixando que o vento a guiasse.

Meu contato com ele era esporádico. Eram meses distantes um do outro e nossos encontros eram feitos por flashes de dias espaçados. O conjunto de dias felizes juntos se formou de uma forma tão bonita e, assim, o tempo foi passando. Este é um dia especial. O dia de rever o amor da minha vida. Meus braços trémulos não disfarçavam minha ansiedade por aquele momento, novamente eu teria aquele olhar, por alguns dias, na minha rotina.

Acostumei com as viagens, eu havia perdido o medo de aviões. Já não achava mais esquisito o uniforme das aeromoças e havia decorado as mensagens de segurança dos voos. O céu era minha segunda casa.

Sentei na cadeira ao lado da janela, como o de costume. Coloquei os meus fones de ouvido e comecei a ouvir as mesmas músicas que sempre ouço antes de vê-lo, aquilo me deixava bem. Cochilei aos poucos...

Minhas pálpebras levantaram lentamente, depois de um certo tempo. Olhei para o céu e as nuvens abaixo de mim. De repente percebo algo diferente. Cores em formas arredondadas surgindo e emergindo perante os raios de luz. Franzi a testa sem entender ainda o que era aquilo, foi quando pude ver com clareza os balões vindo em minha direção.

Abri a janela, puxei todas as bexigas para dentro e soltei-as dentro do avião, – como eu amava aquelas coisinhas – as crianças que ali estavam levantaram de seus assentos e tentavam pegar as bexigas no ar. Enquanto isso, eu abria todas as lembranças, caixas de diversos tamanhos e pesos, e soube exatamente quem tinha me mandado aquele presente único. A felicidade tomou conta de mim.

Senti o impacto do avião com o chão e acordei, de verdade.

Corri pelo vão, desembarquei com pressa e o avistei ao fundo vestido com sua blusa preta que eu gostava. Dei um abraço bem forte e tentei não soltá-lo. Devagar o larguei e dei-o um beijo duradouro. Sorri abertamente e meus olhos lagrimejaram sem piscar, enquanto ele dizia que me amava. Havia algo de diferente naquele reencontro e eu não sabia o que era, mas era algo bom. Neste momento comecei a falar com alegria nas palavras:

- Eu tive um sonho...

Às vezes, o resultado pode não vir do jeito esperado, porque algumas coisas podem parecer impossíveis de serem realizadas, mas de uma forma ou de outra, por sonhos ou realidade, a boa intenção sempre acerta o alvo e preenche o coração de sentimentos eternos. O valor da intenção já é algo grandioso para que um sorriso comece a surgir no rosto de alguém que você ama.

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