Paradigmas
- Rafael Quevedo
- 20 de set. de 2015
- 2 min de leitura

PARTE 1
Planejo minha vida em longos períodos que se cruzam com os meus sonhos.
Eu não sei como existem pessoas tão fixas na ideia de “viva o presente”. Eu planejo o meu futuro, posso ser metódico, mas eu realmente espero que as coisas mais pra frente saiam conforme o planejado.
Você tem seus sonhos, eu tenho os meus. Talvez eu não consiga viver um passo de cada vez sem almejar o que quero. Eu sei que quando as coisas não saem como o planejado eu surto, desespero e não tenho o controle que vocês têm, justamente por ser assim, mas eu conheço o brilho dos meus olhos quando as coisas dão certo. E é isso que me dá forças.
Eu quero poder viajar, conhecer novos lugares, outra cultura. Eu quero morar em um lugar quase inóspito e um lugar conturbado. Quero sentir sensações nunca sentidas. Eu quero ter a minha casa, o meu cachorro e alguém para me acompanhar e me fazer feliz. Eu quero cuidar de alguém, poder trocar seu nome pela palavra “amor”. Eu quero casar e ter filhos, quero ouvir “papai eu te amo” e poder fazer de tudo por aquela vida. Quero ser realizado no trabalho e tornar a minha rotina saudável e sadia. Quero momentos além do lazer.
Não pense que isso é utopia porque não é! Eu sei exatamente o que quero, tenho tudo planejado e se a minha vida sair dos trilhos, esse novo caminho se tornará o novo rumo para os meus planejamentos.
PARTE 2
Os pontos das cidades já estão conectados. A avenida que cruza com a rua 17 é a mesma.
Eu aprendi que a vida é vivida nas ruas paralelas, no inesperado, nos detalhes. São estes lugares que minha mente se expande, que tenho liberdade de pensamento, e é aí que consigo enxergar que nem sempre as coisas saem como o planejado...
Às vezes eu percebo que posso viajar em minhas memórias sem sair da minha cidade, conhecer a minha própria cultura. Às vezes eu posso morar em uma fazenda no norte do país cuidando de animais. O cachorro que eu queria... Talvez fosse melhor um gato. A minha casa pode ser um apartamento de um cômodo. O amor que eu sempre esperei talvez seja o amor próprio. Os filhos? Talvez eu seja um ótimo padrinho. Às vezes podemos planejar ficar com alguém para sempre e ver no meio do caminho que o melhor seria abandonar o que queremos em prol do outro, torcendo pela sua felicidade. E ai? Como ficaram os meus planos?
Estou quebrando paradigmas, deixando que os pássaros voem e o pensamento flua. Tudo isso porque não quero me frustrar. É a lei da contingência e tudo pode acontecer. É lógico que ainda pretendo realizar os meus sonhos, mas e se não der certo? Vou me refugiar – é claro, este sou eu – morar por um tempo em uma cabana que construí na minha cabeça, onde posso pensar mais sobre mim, me conhecer melhor, mas eu volto, porque a vida é curta e bonita demais para eu idealizar coisas que ainda nem vivi.
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