Um oceano no fim da ponte
- Rafael Quevedo
- 18 de mai. de 2015
- 2 min de leitura

Parei o ponteiro.
Há uma ponte à minha frente.
Há pilares recém-construídos, que colocam em risco tudo que eu já fui.
Há pilares, no início, que equilibram a ponte. Frágeis.
Reflito se é o melhor a fazer. Arriscar?
Olho pros meus pés e percebo que minha perna esquerda já estava à frente. Centímetros já dentro da ponte. Foi banal, mas me convenceu.
Atravessei.
Corri.
Briguei com o vento em meu rosto e parei.
Uma tábua solta!
Alucinei. Vi algumas mãos surgindo entre o vazio deixado na ponte.
Minhas alucinações permitiram ver uma silhueta bem no final do percurso. Desmanchava-se na névoa, mas pude ver quando o sinal de sua mão me dizia: Vem! “Não deixa a peteca cair!”
Eu tive a certeza que, se fossem me dadas mil chances, eu faria tudo de novo, porque eu percebi que o amor é a minha base, o que me sustenta, o que me faz feliz e, se eu quero correr atrás dos meus sonhos, eu precisava desse pilar. E esta pessoa estaria comigo nessa caminhada.
Era ela que me faria quebrar todas as regras, este alguém no fim da ponte que me faria acreditar em mim, me faria crescer, querer ser alguém melhor e pensar no futuro como uma consequência do presente.
Contornei o buraco da ponte e voltei ao mesmo lugar. Eu estava prestes a ir para um caminho que eu nunca imaginei estar. Era melhor arriscar, mesmo com medo de errar, do que ficar parado e a imaginar como seria.
Seu cheiro veio no ar, como de costume, e meus sentidos chacoalharam minha alma. Foi aí que surgiu a frase da minha vida: “Vai, e se der medo, vá com medo mesmo.”
Não deixei que aquelas mãos me puxassem para a fenda. Arrisquei. Pulei.
Corri. Corri. Corri!
A névoa se dispersava à medida que ficava mais próximo do final. Sua silhueta se desfazia e sua imagem tornava-se cada vez mais nítida. Enxerguei seu olhar de terra e meu coração se preencheu. Enxerguei seu sorriso luzente e meu coração se preencheu. Litros, líquidos, lisos transbordavam de mim e eu precisava de algo maior para derramar tudo aquilo.
Meus olhos brilharam quando encontraram os seus, ainda em movimento... Eu estava expandindo. Peguei sua mão e pulei. Não forcei, só quis dizer com aquele toque: Venha comigo!!
E você veio.
Um salto capaz de superar todas as dificuldades e medos foi dado.
Caímos no oceano, naquela imensidão, e agora eu poderia transbordar. Não existiam mais limites. O peso dos meus pensamentos não me afogaria.
Eu estou perdido neste oceano, perdido com alguém como você. Perdido ao seu lado. Agora posso olhar ao meu redor, e tudo que eu posso ver é você e o seu reflexo entre a transparência da água.
Estamos perdidos, perdidos nesse oceano de amor.
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