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A grandeza do incomum

  • Rafael Quevedo
  • 19 de mar. de 2015
  • 2 min de leitura

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Sempre gostei de fazer coisas incomuns. Joguei algumas bobagens em minha mochila, peguei o meu carro e dirigi até o parapeito de luz mais próximo da minha casa, onde o verde era presente em toda a sua extensão. Preferi continuar o caminho andando, até a sombra que me abrigou para observar o pôr do sol.

Logo após tirar as minhas botas, sentado sobre a grama, senti algo encostar em minhas costas, acreditei que era a brisa de ar vindo do norte. Algo como um estouro de luz brilhou do meu lado, por alguns segundos. Uma cegueira branca se instalou. As cores voltavam aos poucos, e o alaranjado daquele fim de tarde ressurgiu em meus olhos.

Foi engraçado! Foi incomum o meu sorriso e a minha reação ao me deparar com um anjo bem do meu lado.

Ele me abraçava de lado com a sua asa. Foi incomum, eu que falo tanto, não dizer nada, não perguntar nada.

Meu sorriso entreaberto se curvou junto com a minha cabeça para frente, comecei a contar os pingos de luz que ali estavam. Inclinei-me um pouco e reparei a infinidade do céu. Foi incomum o jeito que dominei todo aquele surto mágico.

Quando senti aquela asa, algo tão sublime começou a passar em minhas veias. Algo tão quente e tão real que eu nunca tinha sentido antes. Foi incomum o jeito como fechei os olhos e viajei sem que ele percebesse.

Inevitavelmente, deixei o incomum de lado, não consegui esconder o arrepio visceral que emergiu quando a outra asa encostou, suavemente, em mim. Era bondade, esperança, alegria, proteção e uma dose grandiosa de amor, que contaminou, aos poucos, cada molécula do meu corpo.

Esse dia mudou a minha vida, tudo que eu seria dali para frente. Minha insegurança dava lugar à fé. Algo me dizia que aquele momento seria duradouro, que desta vez as coisas boas viriam para ficar, que a felicidade seria leve e suave a cada novo amanhecer.

Um dia sonhei que os anjos poderiam permanecer em nosso plano, quando alguém realmente precisa. Algo imprevisível poderia acontecer que os fizessem ficar para nos guiar.

Com os olhos já cheios de lágrimas, e o clarão tomando conta daquele dia frio, consigo escutar a voz do iluminado anjo:

- Perdi uma pena, não posso voar, não posso voltar, vim para ficar, até achar aquilo que em você eu acredito que posso encontrar.

De repente, algo começou a brilhar discretamente no bolso de dentro da minha jaqueta. Era a pena. O incomum tinha voltado. Instantaneamente, direcionei minha mão até o meu bolso para devolvê-la, e a mão daquele anjo veio de encontro a minha, como se não a quisesse de volta, e foi aí que escutei o sopro calmo de sua voz:

- Guarde-a, nós nos completamos. Os meus voos serão por terra agora, do seu lado, eu vim de longe para perder a minha pena bem perto do seu coração.

 
 
 

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