Tesouro
- Rafael Quevedo
- 1 de mar. de 2015
- 2 min de leitura

Não que eu tenha medo da decepção, de vivê-la novamente. Não se trata de decisões que ainda não tomei, de atitudes pela metade ou do senso de percepção por pessoas perto ou longe, talvez seja mais sobre envolvimento.
Uma vez meu pai me disse que preciso me envolver menos. Quando paro para pensar minha mente despeja uma carga de emoções unicamente vividas e enaltecidas por mim. A pergunta é: Até onde devemos nos envolver?
Envolvimento, dedicação, comprometimento. Quando e quanto podemos nos jogar de cabeça, nos entregar, dar nosso melhor a fim de conseguir o que queremos? Você, talvez, será um bom profissional se for caracterizado com essas palavras, será visto como um exemplo e, com sabedoria, alcançará todo o sucesso almejado, e poderá ser recompensado com um baú do tesouro.
Tesouro, do latim thesaurus, acúmulo de coisas valiosas. Você é o capitão da sua alma, que poderá escolher se essas "coisas" serão mais do que coisas materiais, se também poderão ser coisas não materiais, depósitos de conhecimento.
Este tesouro foi dado para a pessoa que possui tais características, mas será que este mesmo tesouro seria entregue a esta mesma pessoa, se ela tivesse tal envolvimento no âmbito pessoal, com quem ela se relaciona, seja com amigos, namorados, parceiros, casados, ficantes ou meros desconhecidos que estão prestes a se conhecer?
E aí aquela pergunta lateja na minha cabeça novamente: Até onde devemos nos envolver?
Inteligente é a pessoa que tem medo, e coloca um pé atrás antes de se envolver, com o objetivo de não ter uma possível decepção, ou será que a inteligência está naquele que se entrega, de corpo e alma, se doa?
A vida nos coloca em uma caixa de vidro, como preparação. Nela são feitos alguns buracos e, com o tempo, a vida nos arremessa e a gravidade nos puxa para baixo.
Existem pessoas que são lançadas para o mar, que enfrentam questionamentos dia após dia, que tentam encontrar uma verdade e um propósito para tudo isso.
A água infiltra devagar, ano após ano, se permitirmos. Os buracos estão ali, podemos tampá-los, mas e se sua decisão é de deixar com que aconteça? Isso é desistir?
Se envolver é ter a consciência de que os buracos vão se multiplicar, com a pressão da água ou, talvez, algum outro fator externo, tornando impossível a missão de tampá-los. Sem ter então o que fazer, estas pessoas esperam com que a caixa de vidro encontre a superfície, ou utilizam da fé para acreditar que o mar pode secar, algum dia, alguma hora, porque assim, a água não poderia infiltrar.
Estas pessoas se envolvem sabendo que um destes fatores pode não acontecer e, então, a água continuará subindo até alcançar o limite próximo a cabeça. É este acontecimento que chamo de “decepção” ou “quebra de expectativa”.
Existem pessoas que se envolvem sem pensar nesse acontecimento, se envolvem porque acreditam que o seu tesouro é crer na humanidade das pessoas, no amor e na reciprocidade. Este sou eu.
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